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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os bandidos, a corregedora e a língua portuguesa


O Brasil, definitivamente, virou a terra dos corruptos ou da hipocrisia, podendo ainda ser pior, se for as duas coisas juntas.

Esta semana, uma das pautas da imprensa foi a declaração da corregedora do CNJ, Eliana Calmon. A corregedora disse em entrevista à Associação Paulista de Jornais, criticando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), a qual questiona a resolução 135 do CNJ, cuja finalidade foi aumentar o controle sobre os processos adiministrativos contra magistrados, que a ADIN é o “primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”.

“Bandidos que estão escondidos atrás da toga” foi o que bastou para que 12, dos 15 conselheiros do CNJ, abrirem a sessão plenária do dia 27 com uma nota de repúdio às palavras da colega. O STF também adiou o julgamento da ADIN, na qual a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) questiona a competência do CJN em tratar de regras dos processos administrativos contra juízes e desembargadores.

Parece que o termo “bandidos” não pegou bem e resultou nessa celeuma toda. Mas será que precisaria mesmo dessa vozearia toda contra a corregedora?

O Dicionário Aurélio define “bandido” como: “s. m. 1. Salteador, malfeitor, facínora, bandoleiro. 2. Por ext. Pessoa sem caráter, de maus sentimentos.” E, para analisarmos se a senhora Eliana Calmon tem razão, basta refrescarmos a memória com alguns exemplos...

Juiz Nicolau dos Santos Neto, vulgo Lalau, desviou enquato presidia a Comissão Obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP), apenas R$ 169,5 milhões dos cofres públicos, o que resultou na CPI do Judiciário e culminou com sua prisão. Hoje e usufrui de seu “sofrido labor” em prisão domiciliar.

Juiz Fernando Miranda Rocha, foi acusado pelo Ministério público de Cuiabá de vender sentenças. Segundo a denúncio do Ministério Público: “Atuou como um feirante - com o perdão à classe para a licença metafórica - vendeu seu serviço contra vantagem absolutamente indevida, violando, para tanto, dever funcional.”

Juiz Carlos da Rocha Mattos, ficou preso de 2003 até este ano, em resultado da operação Anaconda da Polícia Federal, quando passou para o regime aberto.Cumpiu a pena sob a acusação de venda de sentenças, num esquema que envolveu policiais, juízes e comerciantes na quadrilha.

Juiz Antônio Carlos Branquinho, ou tio Branquinho como era chamado pelas alunas da Escola Estadual Frei André da Costa, em Tefé, interior do Amazonas, foi denunciado por pedofilia em 2010. A denúncia partiu de uma moradora que enviou um e-mail ao Tribunal Regional do Trabalho de Manaus, com direito a fotos tiradas pelo próprio juiz, na vara de Trabalho de Tefé, fazendo sexo com as meninas.

Não posso continuar a listar os atos do ilustres homens de togas que ocupam os juizados brasileiros porque não conseguiria postar um novo post por muito tempo...

Se esses homens, que deveriam estar zelando pela lei, praticam esses atos e não podem ser chmados de “bandidos”, que substantivo poderia lhes cair melhor?

Poderíamos chamá-los de corruptos, uma palavra que há muito deixou de chamar atenção no Brasil; quem sabe, pervertido, devasso, pedófilo, ladrão, larápio, gatuno, ratoneiro, ladroeiro ladro, rato, amigo do alheio... Mas bandido, definitivamente, não!

Um comentário:

  1. Muito bom! è exatamente isso que ocorre quando os adjetivos são usados de forma adequada,sim,já que para os que estão no poder esse recurso só "deve" ser usado com as pessoas das classes menos favorecidas.
    Por Cicera Ramos

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