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sábado, 12 de outubro de 2013

O povo não gosta de democracia?

O povo brasileiro é muito interessante. Quase trinta anos depois de uma ditadura que levou a empréstimos bilionários que levaram à dívida externa que até hoje pagamos; que ainda contabilizamos os desaparecidos, mortos nos porões de delegacias e presídios, ou jogados no mar; pedes-se ainda a volta da ditadura.

Que apareça uma ditadura militar que sirva de exemplo para o mundo, que nos leve a almejar isso de novo! Onde está esse bom exemplo? Na Argentina de Pinochet? Nos países árabes? No Brasil? Qual foi o legado que tais ditaduras deixaram além de vítimas silenciadas à base de fuzil, espancamentos, torturas ou enforcamentos nas selas, como se essas fossem as únicas respostas às ideias contrárias?
As forças armadas prestam um grande serviço a qualquer país democrático. É inegável o valor de podermos dormir com consciência calma, por sabermos que existe um grupo de servidores públicos que darão suas vidas, se assim for necessário, para defender a soberania de nosso solo, de nosso povo. Mas acreditarmos que tal força sendo utilizada contra seus próprios cidadãos, assim como foi usada décadas atrás, produzirá um país melhor é tolice política ou ideológica.
A democracia, seja aqui ou em qualquer outro país desenvolvido no mundo, é como uma jangada: não afunda, mas os pés vão sempre molhados. A democracia é um remendo necessário à criação de um mundo em que a igualdade de direito seja algo além da utopia.
São todos políticos corruptos? São todos militares exemplares? São todos os cidadãos conscientes e inteligentes o suficiente para fazerem boas escolhas? Onde está o problema, ou melhor, a solução? Os políticos que governam este país, bem como os militares que governaram este país por duas décadas, não foram importados de Marte, nem de qualquer outro lugar. Emergiram do povo, com suas virtudes, com sua ignorância, com seus vícios. Num país em que tudo tem um “jeitinho brasileiro” (lembra aquela conversa com o guarda rodoviário, a marcação de demanda numa instituição pública, aquele troco errado que não foi devolvido?) executará que tipo de governança? Num país de obras superfaturadas, serviços não prestados, votos comprados, parafusos que são comprados por preço menor 5 vezes menor fora da caserna, são refletidos o egocentrismo, a lei de Gerson, (levar vantagem em tudo), daquela conversa à meia voz com quem pode acobertar o que é contrário às leis estabelecidas. Situações promovidas e propagadas por boa parte de seu povo. Povo este que se queixa quando seus governantes praticam os mesmos atos.
Precisamos de melhor educação, sim. Precisamos tomar vergonha na cara e lembrar-se do político que votamos na semana seguinte às eleições. Precisamos incentivar a devolver o troco errado, a não sonegar imposto de renda, a não gritar “sabe com quem está falando?”, independentemente da função pública. Há a necessidade de cada um de nós não jogarmos o papel de bala na rua, e acharmos que estamos “dando emprego para garis”...  Precisamos educar melhor nossos filhos para que saibam, nas gerações futuras, exigir das autoridades o que tem direito, e não ser manipuladas por elas.
Precisamos nos unir, com consciência e inteligência, a fim de modelar uma nação em que ditadura não traga saudades.

domingo, 14 de abril de 2013

Nicole Bahls e Gerald Thomas, produtos deste país



A cena degradante dessa semana envolvento Nicole Bahls e Gerald Thomas levanta algumas questões que merecem uma reflexão mais profunda, mas menos maniqueísta, como as opiniões que estão em todos os blogs do Brasil. Aguns aconselham levar o cara à guilhotina e outros pensam em levar a garota para o elenco traficado da novela Salve Jorge.
Sinceramente, está difícil de prever o futuro deste país. Quando alguém com mais de 30 anos fala de uma cultura diferente que já houve neste país, vem um mané e diz que é saudosismo. Sim; tenho saudades. Tenho saudades da época que se tinha de ralar muito para gravar um LP (que o leitor pergunte para o Google que diabo era isso). Hoje todo e qualquer desvairado sem nenhum talento, mas que cante muita porcaria, que elogie o beber até cair, maconha até o dia amanhecer, embebedar a mulherada para obter sexo e coisas afins, senta numa mesa de computador grava um CD, comprado o cento a R$ 30,00 na Santa Efigênia, e faz o maior sucesso.
E com a bunda e os melões não são diferentes. Para que talento? Para que educação? Para que faculdade? Basta um punhado de silicone e a panaceia dos males deste país surge na tela da TV e nas capas de revistas.
Um “imbecilismo”, se me permitem o neologismo, toma conta deste país. Nunca vimos tanta informação, tantos equipamentos para acessá-la, tanta mídia para levá-la rapidamente a milhões, mas tão poucos cérebros aptos a digeri-la. O Estadão publicou uma matéria em meados do ano passado afirmando, que segunda a oitava edição do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) “entre 2001 e 2011, o domínio pleno da leitura caiu de 22% para 15% entre os que concluíram o Ensino Fundamental II, e de 49% para 35% entre os que fizeram o ensino médio. Com ensino superior, 38% não chegam ao nível pleno.”
Não é de admirar que o emburrecimento esteja se tornando o maior patrimônio deste país. Somado ao sistema colonialista implantado no Brasil desde as colônias, ao machismo sem sentido e uma mídia movida a silicone e imbecis que tem um público cativo, não causam mais estranheza cenas patéticas como a do escritor e a jovem econômica nas vestimentas.