O texto a seguir é um editorial do Jornal Folha de Pernambuco de pouco tempo atrás, com o título “Crianças analfabetas”. Seguido de meus comentários.
“Cerca de 2,1 milhões de crianças brasileiras de 7 a 14 anos matriculadas e que estão na escola são analfabetas. Este é o resultado apurado pelo levantamento realizado pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2007, sob a supervisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse total de alunos corresponde a 7,4% de jovens com aquela idade, sendo denominados de "iletrados escolarizados", isto é, que não sabem ler e escrever, correspondentes a 87,2% de 2,4 milhões de crianças na faixa etária supracitada.
Os autores do diagnóstico incluem suas condições de vida, entre as quais moradia precária, falta de assistência à saúde, ambiente familiar desajustado, que afetam o aprendizado das crianças nas escolas, ou, pelo menos, que obtenham um desempenho razoável.
Sob outro aspecto, cresceu o número de negros no ensino superior, porém aumentando a desigualdade nos últimos dez anos, ao se comparar a taxa de freqüência e de conclusão do ensino superior.
O acesso dos que se declararam brancos ao IBGE ampliou a disparidade de 7,4% para 9,4%, apesar de ter duplicado a participação de negros e pardos em 2007, levando à conclusão que a política pública específica foi insuficiente, mesmo com a instituição de cotas. Frise-se, ainda, que, segundo aquele órgão, a população de pretos e pardos cresceu, alcançando 49,7% do total, enquanto os brancos constituem a minoria de 49,4%.
A questão educacional no País continua sendo objeto de permanente debate. O resultado apurado pela SIS, provoca perplexidade pela gravidade de que se reveste, cujas raízes estão localizadas nas desigualdades sociais que se manifestam nas escolas públicas, onde estudam, principalmente, jovens de famílias carentes. Daí porque, identificada a razão principal para tamanha distorção, impõe-se, cada vez mais, a necessidade de melhorar a distribuição de renda e oportunidades de emprego, a fim de que o fosso que ainda separa tantos brasileiros seja reduzido a níveis aceitáveis.”
Percebem que o autor do editorial e a pesquisa não dão atenção a outros problemas? Não é citado a super lotação de salas. Segundo a cartilha “Britain in Brief”, publicada pelo governo da Grã Bretanha, a taxa de alunos por professor é de 17. Alguém dá aulas por aqui com um número que lembre esta média?
Some-se a estes problemas aqueles cuja obviedade é tão clara: escolas caindo aos pedaços, cobertas com telha brasilit, tornando o inferno bem apelativo quando comparados; sem bibliotecas equipadas, giz e quadro para dividir a atenção dos alunos que, embora pobres, são conectados pelas lan-houses, celular ao mundo das tecnologias etc. Somem também, os vencimentos de miseráveis que os professores ganham, e que ainda tentam a cada dia lhe tirar o pouco que tem; que o professor não tem dinheiro, nem tempo para formação continuada, que muitos não podem pagar nem sequer uma banda larga decente, comprar livros. Alguém faz idéia o quanto corresponde R$ 100,00 se o professor compra um livro?
Pode ser acrescentado também, o fato de que professor precisa trabalhar em duas, três ou mais escola para sobreviver; que se envolve em luta sindical, a fim de não lhes retirarem tudo. E quanto mais o professor fica disperso, ocupado, as escolas e o sistema educacional enfraquecido a educação vai ficando pior, e quanto menos as pessoas pensam e refletem com qualidade, mais fácil fica manipular as massas.
Pois é, caro internauta, quanto pior, melhor.
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